O ENIGMA DO AÇO
Numa idade antiga, já esquecida de nossas mentes
Dia a dia um homem em momento de descontração e fadiga
Em sua cabeça uma curiosidade estendida, o segredo do metal
Revestido. Na exposição do surgido caso uma ambição lhe
Vem nos braços, domina férvida os dedos,
Conversa com o fogo enfurecido, entre a luz espinhosa
Trava-lhe na mão a ferramenta que trabalha cautelosa.
A espada leva-a, flamejante despida, à esfriá-la na água erudita,
Clássica mas cega de nascença mal saíra da água ansiava
Tê-la para amolar.
Pouco depois soava brandamente,
O homem bordou com ouro
E jóias seu aço; logo pensa guerreiro.
Dois homens se encontram em campo espaço,
Um fala desafios em prece, ri da vida e deseja a morte.
O desconhecido no outro o olhar prendia, sua espada o entendia
Vincula seu destino ao dela, ordena e fere.
Rega com seu sangue a virgem terra.
Junto com o dono sem perdão a espada de ouro cai ao chão.
“Se o mistério a vida não me desse!”
Morreu com uma pergunta na alma “Qual o segredo desta espada?”
O outro guerreiro recolheu-se em respeito,
partindo com sangue nas mãos.
Com falso riso no rosto e as mãos inertes, o guerreiro fica.
O vento empoeirado que escutou seu aço soar
Responde-lhe em perdão ao perfurado homem no chão.
Falando ao aspérrimo guerreiro com lábios trêmulos
E corpo invisível.
“O segredo do aço não esta no metal fugaz, mas no punho forte que o torna audaz."
HENRIQUE VALADARES, Vila Velha, 1995.