sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O ENIGMA DO AÇO

Numa idade antiga, já esquecida de nossas mentes

Dia a dia um homem em momento de descontração e fadiga

Em sua cabeça uma curiosidade estendida, o segredo do metal

Revestido. Na exposição do surgido caso uma ambição lhe

Vem nos braços, domina férvida os dedos,

Conversa com o fogo enfurecido, entre a luz espinhosa

Trava-lhe na mão a ferramenta que trabalha cautelosa.

A espada leva-a, flamejante despida, à esfriá-la na água erudita,

Clássica mas cega de nascença mal saíra da água ansiava

Tê-la para amolar.

Pouco depois soava brandamente,

O homem bordou com ouro

E jóias seu aço; logo pensa guerreiro.

Dois homens se encontram em campo espaço,

Um fala desafios em prece, ri da vida e deseja a morte.

O desconhecido no outro o olhar prendia, sua espada o entendia

Vincula seu destino ao dela, ordena e fere.

Rega com seu sangue a virgem terra.

Junto com o dono sem perdão a espada de ouro cai ao chão.

“Se o mistério a vida não me desse!”

Morreu com uma pergunta na alma “Qual o segredo desta espada?”

O outro guerreiro recolheu-se em respeito,

partindo com sangue nas mãos.

Com falso riso no rosto e as mãos inertes, o guerreiro fica.

O vento empoeirado que escutou seu aço soar

Responde-lhe em perdão ao perfurado homem no chão.

Falando ao aspérrimo guerreiro com lábios trêmulos

E corpo invisível.

O segredo do aço não esta no metal fugaz, mas no punho forte que o torna audaz."


HENRIQUE VALADARES, Vila Velha, 1995.